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As dimensões intrapessoal, interpessoal e social para a CNV

A filosofia da Comunicação Não Violenta (CNV) surgiu na década de 1960, após a Segunda Guerra Mundial, pelos estudos de Marshall Bertram Rosenberg. Por ter sofrido com a violência e preconceitos desde sua juventude por ser judeu, mas também observado atitudes compassivas de outras pessoas, interessou-se por entender o que leva tais comportamentos tão diferentes e como podemos nos expressarmos melhor, sem essa violência. Tornou-se psicólogo para estudar o comportamento humano, e sistematizou a Comunicação Não Violenta com o intuito de aumentar e estabelecer a empatia social de forma que as discussões, conversas e resoluções de problemas possam ser saudáveis e respeitosas.

Seu primeiro livro traduzido no Brasil, “Comunicação Não Violenta – Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais” – reforçou “técnicas” em seu título, mas vale lembrar que o original em inglês remete para uma outra dimensão da comunicação para além de uma técnica ou step-by-step: “Nonviolent Communication: A Language of Life”, o que quer dizer “Comunicação Não Violenta: Uma Linguagem da Vida”. A CNV nos ensina valores profundos para uma conexão verdadeira durante a comunicação e se baseia em uma linguagem que ajuda as pessoas a se expressarem melhor:

(1) Consigo mesmo, entendendo seus julgamentos e pensamentos, compreendendo o que precisa para estar pleno e feliz atendendo suas necessidades, e como está se sentindo diante dos vários estímulos que se apresentam em sua vida. É uma conversa interna profunda que promove o autoconhecimento e autocompaixão.  Olhar para o próprio sentimento a aceitá-lo pode ser um desafio, no entanto, observar-se pode ser a chave para entender o que está dominando sua mente e controlando suas ações posteriores. Conceitos importantes aqui são os de conexão interna: a autoconexão e a autoempatia compreendendo a si mesmo. Também o de expressão: a autenticidade, ou seja, ao falar, expressar-se com verdade sobre o que vê, pensa, sente e precisa para estar bem. É a dimensão INTRAPESSOAL da CNV.

(2) Com o outro, ou seja, a dimensão INTERPESSOAL. O mesmo processo que se aplica ao “Eu” (conexão, autoempatia, autenticidade), aplica-se ao outro. Durante uma conversa a intenção é estabelecer uma conexão verdadeira, observando o que, de fato, aconteceu e foi de fato visto, e não o que você idealizou, formou em sua mente, interpretou. Procure eliminar a nuvem que se forma pelo comportamento do outro ou pelas palavras incômodas que chegam, e pratique a empatia, compreendendo o que o outro sente e precisa. Do que adianta falar bem e não saber escutar verdadeiramente. Segundo o estudo “A arte de escutar”, por Maria Suzana de Moura, “a cultura ocidental é sustentada por uma racionalidade que estimula o falar, mas não o escutar”, e o ato da escuta vai além de permitir que o outro fale, mas contempla um processo de presença e de acolhimento, diluindo o julgamento e atribuindo significado. Abra espaço para o outro também se expressar com autenticidade, e esteja preparado para ouvir a sua verdade;

(3) No ambiente – tudo o que está à nossa volta é atuante e impactante na comunicação, assim a CNV nos estimula a pensar sobre como podemos atuar sobre a dimensão SOCIAL: no seu micro ambiente, na comunidade ao redor e expandir para a sociedade. Também precisamos nos responsabilizar por criar uma atmosfera de apoio, conexão onde todos têm espaço para a autoexpressão.

A intrapessoal, a interpessoal, e o entendimento do que está acontecendo no social são três dimensões que se complementam e atuam em conjunto. Elas podem ser estimuladas e desenvolvidas em prol da construção de uma “nova” habilidade de comunicação que apoia a conexão humana com empatia e parceria, de modo que contribua para atender as necessidades sem precisar de qualquer expressão que possa impactar, ofender ou criticar. Como Marshall Rosenberg diz “A CNV se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas.”

Ana Elisa Moreira-Ferreira
Diretora Executiva da Univoz
Fga. Ma. Coach e Consultora em Comunicação Humana Consciente

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Você pode praticar a abordagem da CNV nas 3 dimensões: intrapessoal, interpessoal e social com o objetivo de se conectar consigo mesmo, com os outros, obter conversar produtivas, facilitar a gestão de conflitos e melhorar o clima em sua empresa pela transformação da comunicação implícita que emerge na cultura organizacional.

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