É possível que este título possa parecer exagerado, mas ele reflete perfeitamente uma experiência que eu vivi e que quero compartilhar aqui.
Eu era gestor na área de criação em uma grande agência de comunicação. Meu grande desafio era fazer com que a equipe enxergasse a mesma coisa no final de uma reunião.
Uma primeira tentativa de fazermos esse alinhamento foi feita por meio de atas escritas. Mas logo percebemos que elas não foram muito úteis. Primeiro porque não conseguiam registrar as soluções visuais que estávamos criando em grupo para as nossas campanhas. Segundo porque cada vez menos as pessoas estão dispostas a ler textos longos.
Foi assim que tivemos a ideia de fazer registros visuais dos nossos papos. E resolvemos expandir a nossa visão sobre as possibilidades de um flip-chart. Rapidamente percebemos que uma grande folha em branco poderia ser preenchida de forma mais criativa, com imagens, cores, linhas pontilhadas, setas e muitos recursos visuais que normalmente não eram utilizados nos flip-charts.
Notamos também que ao discutir o painel, a nossa relação com o conteúdo se transformava. Para colocar no papel, nós tínhamos que organizar as nossas ideias. E enquanto fazíamos isso, sem querer estávamos retendo melhor as informações. O quadro desenhado estava na nossa memória, prontinho pra ser acessado.
Percebendo os ganhos que estávamos tendo com o registro visual de ideias, muitas pessoas começaram a usar cadernos sem pauta para fazer suas anotações visuais também. Algumas até copiavam o painel que estávamos criando, ainda que no final das reuniões a gente fotografasse e compartilhasse. Era um jeito delas exercitarem esse envolvimento com o “visual thinking”, uma arte que ganharia cada vez mais espaço nos processos criativos das empresas, especialmente com o surgimento das metodologias ágeis, dos sprints, nos quais a maioria dos protótipos são desenhos de um novo produto ou serviço.
Logo eu comecei a usar os rabiscos para planejar não apenas desafios na empresa, mas para fazer também meus projetos pessoais. Se o projeto era uma viagem de férias, estava eu lá desenhando. A troca de um automóvel ganhava corpo com rabiscos. E o que era melhor: os rabiscos traziam leveza para o planejamento, que antes era uma coisa árida. De repente, fazer projetos ficou divertido. E tudo poderia encontrar uma solução, por meio de um projeto envolvente, feito de uma maneira lúdica.
O encantamento foi tão grande que eu resolvi mergulhar fundo nisso. E hoje eu trabalho com uma coisa que me inspira muito: dar vida às ideias, de forma divertida e envolvente.
Marcio Reiff
Facilitador responsável pelo workshop de Pensamento Visual e Facilitação Gráfica que acontecerá na Univoz, no sábado, 6 de julho, das 8h30 às 18h.